sábado, 19 de janeiro de 2013

Isso é Kuala Lumpur


Kuala Lumpur, Malásia. Ainda estou formando minha opinião sobre essa grande cidade mas vou descrever brevemente minhas primeiras (péssimas) e segundas (ótimas) impressões. Saímos do frio do norte do Vietnã e chegamos no calor úmido da Malásia, pronto para voltar a usar meu uniforme: regata, shorts e chinelos

Primeiro o que vem em primeiro, ou seja, a primeira impressão. Pousamos no aeroporto internacional de Kuala Lumpur e foi pá-pum obter o visto de entrada no país de noventa dias, só estava nervoso pois ao despachar a mala em Hanoi a atendente me fez assinar um termo que dizia que eu estava ciente e arcaria com os custos caso a minha entrada seja negada na imigração malaia, uma maldita pulga atras da orelha devido a experiências passadas que ainda não foram superadas. Até eu receber o carimbo de entrada na Malásia eu estava realmente estressado, mas ela estava lá para me acalmar e isso me ajudou consideravelmente

Imigração ok, agora chega a hora de achar um cafofo. Como não era a primeira vez da Leanne em Kuala Lumpur fomos direto para o hostel que ela havia se hospedado anteriormente mas no caminho a primeira impressão foi ficando cada vez mais e mais forte, e não era coisa boa. Era noite e tivemos que pegar um ônibus até o centro da cidade e depois pegar o metrô até a Chinatown onde se encontra grande variedade de acomodação boa e barata

Sentimentos bons ou ruins são difíceis de serem explicados mas vou tentar. Sou muito observador e nessa viagem fiquei especialmente sensível a tudo o que acontece ao meu redor. Nós com as mochilas pesadas e tendo que andar pela cidade a noite, os habitantes locais (indianos e chineses na maioria) nos olhavam com um certo olhar de maldade e junto com ruas mal iluminadas, odores fortes, ratos, clima quente e úmido me fizeram detestar a cidade logo de cara, pela primeira vez em toda a viagem tive a sensação de que algo de ruim poderia acontecer

Chegamos no hostel são e salvos e o recepcionista nos recebeu com o entusiasmo de uma criança ao receber meias como presente de Natal. O cara era um morto e só de falar já me da sono. A única opção era um dormitório com 8 camas e lá deixamos nossas malas. Meu nível de apreciação foi caindo gradativamente pois o wi-fi estava fora do ar, o lugar não era tão limpo assim e também nem tão barato

Fomos nos alimentar logo na sequência e ela disse que ali perto havia um bom restaurante indiano bem barato. Fui conferir, eu estava faminto e as palavras "perto" e "barato" me animaram um pouco. Chegando no restaurante eu fiz meu prato no buffet e na primeira garfada a minha boca queimou com o excesso de pimenta, foi um desafio e tanto comer toda aquela comida apimentada no nível indiano e com um monte de ossos de galinha no meio do meu curry. E ainda a parte do comida barata era apenas para vegetarianos, eu paguei quase o dobro que ela pelos ossos na minha comida. Atenção ao nível de estresse subindo gradativamente

No caminho de volta para o hostel Leanne já estava preocupada com meu estado de espírito e pra ser sincero eu também. Passaríamos os nossos últimos dias juntos de viagem numa cidade onde eu não me sentia bem num modo geral. Conversamos bastante e no fim simplesmente decidimos dormir e ver se eu recuperava a minha alegria natural de enfrentar tudo e todos. Refletindo com meus botões eu entendi o que se passava, eu estava esperando algo de especial dessa cidade, mas nada de especial a cidade tinha a nos oferecer. Foi aí que eu percebi o quanto estúpido seria aguardar algo externo acontecer, eu tinha tudo o que precisava comigo, o meu universo estava completo

A primeira (péssima) impressão acabou na mesma noite, na manhã seguinte o sol varreu todo sentimento ruim e a cereja do bolo foi o beijo de bom dia que eu recebi na cama, o suficiente para despertar o verdadeiro eu, cheio de alegria e energia. E aqui começa o relato da segunda (incrível) impressão

Mochilas apostas para passar o dia inteiro andando pela cidade e lá fomos nós, o itinerário era visitar Chinatown, Central Market, Merdeka Square, Little Índia e terminar no Kuala Lumpur City Centre, as famosas torres Petronas e quem sabe assistir um filme de Bollywood no KLCC

Kuala Lumpur é definitivamente um destino que deve ser visitado. A cultura indiana e a economia chinesa movem a cidade e quem diria que esse mix funcionaria tão bem. Fiquei boquiaberto com as construções diversas e grandiosas uma ao lado da outra, são templos budistas, templos hindus, templos muçulmanos, prédios comerciais, shopping centers massivos e tudo em perfeita e confusa harmonia

Chegando no KLCC fomos à bilheteira do cinema e tivemos a sorte de poder assistir ao filme recém-lançado "Bad Boy - Alex Pandian". Duas horas de puro entretenimento dentro de uma sala de cinema. O filme conta a história desse cara que é bom de briga, herói nacional, bom dançarino, conquistador, cobiçado pelas mulheres, engraçado e foda. Alex Pandian é o cara! Antes que me perguntem qual o gênero do filme eu direi que é um pouco de tudo: musical, ação, romance, comédia... isso é bollywood! Nos divertimos demais no cinema e nos custou somente 12RM, ou US$4. Eu recomendo, foi divertidíssimo!

Ao sair do cinema já era noite e fomos do lado de fora do shopping para apreciar as torres Petronas com todos os seus holofotes, uma beleza criada pelo homem, entendo perfeitamente porque é o cartão postal de Kuala Lumpur. Nesse momento eu deixei escapar uma lágrima de pura felicidade que ela gentilmente limpou com sua blusa

Para encerrar as minhas primeiras e segundas impressões sobre Kuala Lumpur quero dizer que as vezes nos perdemos procurando a felicidade ao nosso redor e esquecemos de que a verdadeira felicidade é simples e está dentro de nós. Basta um raio de luz para acabar com a completa escuridão, iluminem


E no meio de Kuala Lumpur uma bela cachoeira

Damas muçulmanas de vermelho

Cartaz do filme Bad Boy - Alex Pandian, um clássico de Bollywood

Little Índia, literalmente

Isso é Malásia


o.Ô'

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